quinta-feira, 7 de abril de 2011

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Canção do Mar - Dulce Pontes

O engano de quem só diz AMÉM


Muitas pessoas se dizem incapazes de dizer não.
Algumas delas dizem isto até com orgulho, como se esta característica fosse o primeiro quesito para que alguém seja uma pessoa boa.
Outras demonstram sofrer porque não tem o respeito do mundo que as rodeia.
Há ainda aquelas que não contrariam jamais as expectativas dos demais porque – acreditam - só serão aceitas se tudo e a todos aceitarem incondicionalmente.

Grande engano!

É possível a todos dizer amém e ainda assim não agradar ninguém.
É impossível ser apenas bonzinho, principalmente sendo um carrasco de si mesmo.

Se você se identificou com qualquer um dos perfis citados aqui é hora de se rever, de colocar em dúvida que tipo de sentimento você tem por si e também pelos outros.
A atitude de baixar a cabeça para as vontades alheias sem sequer se perguntar sobre os próprios limites é sofrimento garantido.
Os outros, seja lá quem, nunca ficarão satisfeitos, sempre vão exigir mais, e você nunca parecerá bom o bastante.

Portanto, bom não existe.
Existe quem tenta fazer o melhor possível. E o melhor possível requer habilidades de autoconhecimento e percepção de seus próprios limites.

É sempre bom em algum momento da vida encarar uma verdade: Nunca vamos agradar a todos e nem tudo nos convém.
Respeitar esta pequena sentença já facilita e muito o exercício da negativa. Mesmo que decepcione alguém muito importante. Essa pessoa poderá desenvolver algo de positivo a partir deste pequeno gesto.

Desde bebês estamos aprendendo sobre o mundo e nossa interação com ele.
E duas coisas tem um papel muito importante neste aprendizado: O medo e a frustração.
Essas duas experiências fazem com que nos adaptemos ao mundo como ele é.

O medo sinaliza o perigo e qual atitude melhor a tomar para garantir nossa segurança. E a frustração ensina sobre nossos limites e capacidades, sobre o que é e o que não é possível.
Principalmente nas crianças a frustração é educativa, porque demonstra que existem outras pessoas no mundo e todas tem desejos.

O mundo não existe para satisfazer a vontade de um só indivíduo.

Dessa forma, medo e frustração vão favorecendo a percepção dos contornos do eu a partir do reconhecimento de suas próprias limitações. Assim, vamos percebendo que tudo é uma troca.
Os outros ajudam que você descubra quem você é e você também ajuda que percebam quem são através daquilo que não podem fazer ou receber.
Quem tem problemas em dizer não costuma supervalorizar a aprovação externa. Os outros acabam virando uma entidade poderosa e tirana a qual se deve agradar, senão...

Devemos reconhecer que receber aprovação do mundo externo é realmente muito bom. Mas isto não ocorre sempre e nem deve nortear nossas ações por que existe outra aprovação que é muito importante também e deve vir em primeiro lugar.
Trata-se da aprovação interna.

A consciência, a noção de eu, o mundo interno tem condições de proporcionar grande satisfação se for levado em conta com tanto respeito quanto o mundo exterior.

Mas o que fazer para se chegar lá, no nível da satisfação interior?

Estabelecer limites claros.
Investir no autoconhecimento.
Fazer um balanço entre aprovação externa e interna e aceitar que para fazer valer a própria vontade muitas vezes é necessário uma certa dose de agressividade.
Observe: Não estou falando em agressão.

Tudo isso conduz a uma libertação, a autorização para se dizer não as vezes, conforme a vontade, condições ou situação.
Amigos, colegas de trabalho, conhecidos, estranhos, vizinhos, parentes, irmãos, pais, filhos, marido, esposa, chefia, etc, todos, sem dúvida precisam ouvir não de vez em quando. Respeitar e querer bem alguém é, necessariamente, dizer não algumas vezes. Do contrário você vai destruir a relação e ainda por cima contribuir para que a pessoa tenha uma idéia equivocada de si mesma. Ela vai acabar acreditando que é mais importante, tem mais direitos e poderes do que é verdade. Quem se ama ou deseja se amar mais deve se conscientizar de sinalizar claramente aquilo que não quer. E quem ama e respeita outra pessoa, seja quem for, deve contribuir para que ela perceba que também tem limites.

Imagem de ilustração: EDGAR DEGAS: “L'absinthe (absinthe drinkers)", 1876

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Edith Piaf - Non, je ne regrette rien (1961)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Comparação



Você já se sentiu ofendido por alguma comparação que julgou imprópria ou constrangedora?
Provavelmente, sim.
Agora reflita: Quantas vezes você comparou coisas, situações e até mesmo pessoas sem ao menos notar se poderia ter magoado alguém?

Pois bem, a comparação é um hábito.
Talvez venha da falta de assunto ou desejo de encontrar um.
Logo após a tradicional conversa sobre o clima é comum um comentário que mede, que compara dados da vida de cada pessoa que podem ir da altura dos filhos ao valor da mensalidade da faculdade, da potência do motor do carro ao remédio que curou a última gripe. E por aí vai.

As pessoas costumam comparar suas casas, seus carros, suas dores, suas roupas, suas cirurgias plásticas, seus maridos, esposas, seus filhos, seus empregos, afetos e desafetos.

Talvez por trás desse comparativo exista um anseio por conforto ao saber que no mundo existem aflições semelhantes as suas.

Ou quem sabe um desejo comodista de sentir-se superior ou vítima sem, contudo, precisar se dar ao trabalho de evoluir.
O fato é que a comparação é um hábito. Um péssimo hábito que faz parecer que a vida é uma eterna pista de corrida onde uns estão de Ferrari enquanto outros de Fusca ou a pé.

Esta ótica reveste o mundo de uma dificuldade e injustiça maior ainda que a, já bastante difícil, realidade. Tal aspecto competitivo e injusto é para muitos uma verdadeira fonte de depressão, frustração e prostração. Pois o obstáculo parece intransponível.

Assim, comparar vidas, amores, doenças e aflições tem apenas uma triste serventia – alienar o indivíduo de si mesmo. Levando-o a procurar fora, no mundo exterior, tanto os obstáculos para seu crescimento como a chave para sua superação o que existe somente dentro de si mesmo, no universo interno.

Excetuando a comparação de dados com algum objetivo técnico/científico toda comparação é estúpida e prejudicial.

Pais que comparam seus filhos com outras crianças com o intuito de desenvolver neles algum aspecto que admiram nos outros só conseguem com isso fazer com que sua prole sinta-se desqualificada e desvalorizada.
Porque estão invalidando, mesmo sem ter a intenção, toda a trajetória de desenvolvimento percorrida por eles até aqui.

Essa atitude não valoriza a individualidade e aponta modelos que estão distantes do eu.
Afinal, por que isto é tão prejudicial?
Ora, porque leva a pessoa durante toda uma vida a perseguir modelos distanciados de sua própria individualidade com o desejo de agradar para ser aceito.

Quem vive assim está sempre insatisfeito consigo e com tudo que adquire, pois nada que fizer será bom o suficiente, sempre o outro terá algo a mais e o ciclo de infelicidade, insatisfação e competição recomeçam.

Quando o desejo de comparar for inevitável sugiro uma forma menos agressiva e muito mais proveitosa sob o ponto de vista do desenvolvimento pessoal. Compare-se consigo mesmo há um tempo.
Descubra em que aspectos mudou, em quais permanece igual, onde evoluiu, quem você está se tornando.

Dessa maneira você mantém o foco de atenção numa das únicas coisas sobre as quais exerce algum controle – você mesmo.

Ilustração acima: Modigliani, Pequenos Camponeses - 1918

terça-feira, 18 de maio de 2010

Boca Livre - Toada (Na Direção do Dia)

Bonito é ser feliz





Sempre questionei a validade da atitude de alguns educadores ao corrigirem certos comportamentos de criança dizendo “não faz assim fulaninho que é feio”. Ora! Feio para quem? O que esta pessoa estará aprendendo aí? Que tal gesto não será positivo para si ou que não vai agradar aos outros? Qual das duas alternativas é mais educativa para a vida?
É indiscutível que educar verdadeiramente é auxiliar no surgimento do juízo, do senso crítico. Afinal, se eu for por aqui onde vou parar? E se pegar um atalho? Qual dos dois vai ser melhor para mim? Estarei prejudicando alguém? Assim estamos treinando a capacidade de analisar os prós e os contras de nossos próprios atos e suas conseqüências e não apenas fazendo isso ou aquilo porque os outros consideram feio, bonito, etc.
O resultado da pseudo-educação para o feio e o bonito aos outros vemos aos montes por aí. Gente que é honesta, organizada, responsável, trabalhadora, correta, bem educada, magra, disciplinada, roupa da moda, segue dieta saudável, só para constar, para publicar. São pessoas pálidas, sem viço, nem ao menos uma gota de originalidade, sem uma ruguinha sequer na roupa. Gente chata e insuportavelmente correta, sem o encanto da alegria que vem de dentro.
Jacob Levi Moreno, o romeno mentor do Psicodrama, assombrou o mundo quando afirmou entre outras coisas que o ser humano se afasta da felicidade à medida que vai abandonando a espontaneidade. E o que é ser espontâneo? È ser criança de verdade. É quando dizemos com sinceridade desconcertante aquilo que pensamos, sentimos ou desejamos. Sem planejar ou se preocupar com aprovação externa.
Depois de crescer, somos comprados pela idéia de que se fizermos o que pensamos ser (nunca vamos saber ao certo) o que os outros querem, seremos amados para sempre. Mentira! O amor não dá garantias. Claro, é um sentimento e como tal não controlamos, vem direto da nossa fonte de originalidade. Os sentimentos são produtos de nossa usina interna de espontaneidade que, a despeito de nossa vontade, funciona de modo independente. A única garantia vem do fato de que quando somos autênticos com nossos desejos e jeito de ser transmitimos uma beleza difícil de descrever.
Não pensem que sou contra os bons princípios e virtudes. Ao contrário, proponho o cultivo de todos eles, mas de modo mais íntimo e sincero. Não para noticiar, para os outros saberem e elogiarem, o que acaba sendo falso, é para o aplauso fácil, não é para o crescimento pessoal.
Sempre desconfiei de que não é tão perfeita a vida daquelas pessoas que vivem em lares perfeitamente em ordem. São lugares tão limpos e organizados que lembram vitrines de loja ou catálogos de móveis, tal é sua impessoalidade. Não há qualquer vestígio de vida feliz ou original por ali. São bem comportados, mas tristes.
Vamos discutir, debater e rejeitar os conceitos pré-estabelecidos de estética humana. Vamos assumir nossas marcas e imperfeições e adotar um jeito mais democrático e autêntico de viver e buscar o crescimento pessoal. Um novo conceito de beleza, visual e comportamental. Aquele que vem de dentro e ilumina a nossa volta. Afinal, bonito mesmo é ser feliz.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

The Beatles, in Hey Jude

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Você tem medo da inveja ?



Pois saiba que ela mata sim. Mas não como afirma a crença popular. Ela fuzila a possibilidade de dar atenção a si mesmo e a seu próprio potencial pois quem investe seu tempo e sua energia mais no outro do que em si mesmo está morrendo e não percebe.
A inveja é um sentimento devastador. Assustador para muitos, há quem credite à inveja um poder destrutivo e prejudicial.
Sem dúvida, trata-se de uma emoção perturbadora, tanto pelos pensamentos e desejos que orbitam a sua volta como pela crença popular de que pode afetar prejudicialmente o seu alvo. Tal como qualquer outro sentimento não pode ser qualificado como do bem ou do mal. Pode, sim, ser encarado como um sinalizador da forma como a pessoa está integrando aspectos internos e externos a sua vida e como isto repercute em termos de satisfação pessoal. Serve de indicador que o foco de atenção está mais voltado para os outros do que para si mesmo. Desse jeito é muito difícil encontrar satisfação pessoal ou admitir falhas para depois poder corrigi-las e crescer como pessoa.

O que é
Um sentimento de dor intensa causado pela certeza de que outra pessoa possui algo (ou alguém) que era imprescindível para sua felicidade. Existe também a convicção de que uma vez que o objeto de desejo esta em posse de outra pessoa, a única forma de ser feliz é tomar para si o que pertence ao outro.
É bastante natural que o sentimento de inveja surja em qualquer pessoa em momentos diferentes da vida. Muitas vezes é reprimido em conseqüência do indivíduo sentir-se envergonhado ou culpado em função da leitura que a sociedade faz de tal emoção. No entanto, pode ser apenas um momento ou um estado crônico, o que, quando ocorre, é muito mais prejudicial para quem sente do que para aquele que é o alvo que, na maioria das vezes desconhece tal fato.

A visão daquele que inveja
Quem está vivendo este crê que sua felicidade depende da conquista de algo que pertence a outra pessoa. Está vendo o mundo por uma ótica distorcida. Dá grande ênfase àquilo que não tem e pensa o mundo como um lugar injusto onde os outros possuem e ele não. É mais ou menos como perceber a vida como numa gangorra, onde para alguém estar em cima necessariamente o outro deve estar embaixo. Quem percebe o mundo dessa forma vive sob a crença de que o sucesso alheio é prejudicial.

A solução
O enfrentamento e a aceitação do que sente é dar início a solução. Tentar encarar o mundo de modo mais construtivo e apropriar-se da responsabilidade de conquistar o que é importante para sua felicidade sem ameaçar os outros é o segundo passo. A partir daí algumas estratégias são de grande ajuda:
- Voltar a própria atenção para si. Querer descobrir-se sem culpas ou julgamentos para poder encarar com naturalidade os sentimentos perturbadores a fim de fazer deles escada para o crescimento pessoal;
- mudar a tática: ao invés de desejar a destruição ou fracasso do outro investir essa energia mental na reflexão de si e na construção do próprio sucesso;
- encarar os fatos: Muitas vezes o que parece injustiça do mundo ou grande sorte é fruto de muito trabalho, persistência e projeto bem elaborado. Siga o exemplo elaborando agora um plano positivo para atingir seu objetivos;
- afastar-se um pouco do foco de inveja com a finalidade de ganhar mais segurança e controle das próprias emoções;
- investir na coragem e abertura emocional para admitir que na origem desse sentimento existe admiração;
Dessa forma cria-se oportunidade para perceber que as experiências e escolhas de vida são pessoais e que a felicidade dos outros não caracteriza nossa ruína. Assim, surge um desejo bastante saudável de desenvolver em si e da sua maneira as qualidades que admira no outro.