sexta-feira, 28 de maio de 2010
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Comparação

Você já se sentiu ofendido por alguma comparação que julgou imprópria ou constrangedora?
Provavelmente, sim.
Agora reflita: Quantas vezes você comparou coisas, situações e até mesmo pessoas sem ao menos notar se poderia ter magoado alguém?
Pois bem, a comparação é um hábito.
Talvez venha da falta de assunto ou desejo de encontrar um.
Logo após a tradicional conversa sobre o clima é comum um comentário que mede, que compara dados da vida de cada pessoa que podem ir da altura dos filhos ao valor da mensalidade da faculdade, da potência do motor do carro ao remédio que curou a última gripe. E por aí vai.
As pessoas costumam comparar suas casas, seus carros, suas dores, suas roupas, suas cirurgias plásticas, seus maridos, esposas, seus filhos, seus empregos, afetos e desafetos.
Talvez por trás desse comparativo exista um anseio por conforto ao saber que no mundo existem aflições semelhantes as suas.
Ou quem sabe um desejo comodista de sentir-se superior ou vítima sem, contudo, precisar se dar ao trabalho de evoluir.
O fato é que a comparação é um hábito. Um péssimo hábito que faz parecer que a vida é uma eterna pista de corrida onde uns estão de Ferrari enquanto outros de Fusca ou a pé.
Esta ótica reveste o mundo de uma dificuldade e injustiça maior ainda que a, já bastante difícil, realidade. Tal aspecto competitivo e injusto é para muitos uma verdadeira fonte de depressão, frustração e prostração. Pois o obstáculo parece intransponível.
Assim, comparar vidas, amores, doenças e aflições tem apenas uma triste serventia – alienar o indivíduo de si mesmo. Levando-o a procurar fora, no mundo exterior, tanto os obstáculos para seu crescimento como a chave para sua superação o que existe somente dentro de si mesmo, no universo interno.
Excetuando a comparação de dados com algum objetivo técnico/científico toda comparação é estúpida e prejudicial.
Pais que comparam seus filhos com outras crianças com o intuito de desenvolver neles algum aspecto que admiram nos outros só conseguem com isso fazer com que sua prole sinta-se desqualificada e desvalorizada.
Porque estão invalidando, mesmo sem ter a intenção, toda a trajetória de desenvolvimento percorrida por eles até aqui.
Essa atitude não valoriza a individualidade e aponta modelos que estão distantes do eu.
Afinal, por que isto é tão prejudicial?
Ora, porque leva a pessoa durante toda uma vida a perseguir modelos distanciados de sua própria individualidade com o desejo de agradar para ser aceito.
Quem vive assim está sempre insatisfeito consigo e com tudo que adquire, pois nada que fizer será bom o suficiente, sempre o outro terá algo a mais e o ciclo de infelicidade, insatisfação e competição recomeçam.
Quando o desejo de comparar for inevitável sugiro uma forma menos agressiva e muito mais proveitosa sob o ponto de vista do desenvolvimento pessoal. Compare-se consigo mesmo há um tempo.
Descubra em que aspectos mudou, em quais permanece igual, onde evoluiu, quem você está se tornando.
Dessa maneira você mantém o foco de atenção numa das únicas coisas sobre as quais exerce algum controle – você mesmo.
Ilustração acima: Modigliani, Pequenos Camponeses - 1918
terça-feira, 18 de maio de 2010
Bonito é ser feliz

Sempre questionei a validade da atitude de alguns educadores ao corrigirem certos comportamentos de criança dizendo “não faz assim fulaninho que é feio”. Ora! Feio para quem? O que esta pessoa estará aprendendo aí? Que tal gesto não será positivo para si ou que não vai agradar aos outros? Qual das duas alternativas é mais educativa para a vida?
É indiscutível que educar verdadeiramente é auxiliar no surgimento do juízo, do senso crítico. Afinal, se eu for por aqui onde vou parar? E se pegar um atalho? Qual dos dois vai ser melhor para mim? Estarei prejudicando alguém? Assim estamos treinando a capacidade de analisar os prós e os contras de nossos próprios atos e suas conseqüências e não apenas fazendo isso ou aquilo porque os outros consideram feio, bonito, etc.
O resultado da pseudo-educação para o feio e o bonito aos outros vemos aos montes por aí. Gente que é honesta, organizada, responsável, trabalhadora, correta, bem educada, magra, disciplinada, roupa da moda, segue dieta saudável, só para constar, para publicar. São pessoas pálidas, sem viço, nem ao menos uma gota de originalidade, sem uma ruguinha sequer na roupa. Gente chata e insuportavelmente correta, sem o encanto da alegria que vem de dentro.
Jacob Levi Moreno, o romeno mentor do Psicodrama, assombrou o mundo quando afirmou entre outras coisas que o ser humano se afasta da felicidade à medida que vai abandonando a espontaneidade. E o que é ser espontâneo? È ser criança de verdade. É quando dizemos com sinceridade desconcertante aquilo que pensamos, sentimos ou desejamos. Sem planejar ou se preocupar com aprovação externa.
Depois de crescer, somos comprados pela idéia de que se fizermos o que pensamos ser (nunca vamos saber ao certo) o que os outros querem, seremos amados para sempre. Mentira! O amor não dá garantias. Claro, é um sentimento e como tal não controlamos, vem direto da nossa fonte de originalidade. Os sentimentos são produtos de nossa usina interna de espontaneidade que, a despeito de nossa vontade, funciona de modo independente. A única garantia vem do fato de que quando somos autênticos com nossos desejos e jeito de ser transmitimos uma beleza difícil de descrever.
Não pensem que sou contra os bons princípios e virtudes. Ao contrário, proponho o cultivo de todos eles, mas de modo mais íntimo e sincero. Não para noticiar, para os outros saberem e elogiarem, o que acaba sendo falso, é para o aplauso fácil, não é para o crescimento pessoal.
Sempre desconfiei de que não é tão perfeita a vida daquelas pessoas que vivem em lares perfeitamente em ordem. São lugares tão limpos e organizados que lembram vitrines de loja ou catálogos de móveis, tal é sua impessoalidade. Não há qualquer vestígio de vida feliz ou original por ali. São bem comportados, mas tristes.
Vamos discutir, debater e rejeitar os conceitos pré-estabelecidos de estética humana. Vamos assumir nossas marcas e imperfeições e adotar um jeito mais democrático e autêntico de viver e buscar o crescimento pessoal. Um novo conceito de beleza, visual e comportamental. Aquele que vem de dentro e ilumina a nossa volta. Afinal, bonito mesmo é ser feliz.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Você tem medo da inveja ?

Pois saiba que ela mata sim. Mas não como afirma a crença popular. Ela fuzila a possibilidade de dar atenção a si mesmo e a seu próprio potencial pois quem investe seu tempo e sua energia mais no outro do que em si mesmo está morrendo e não percebe.
A inveja é um sentimento devastador. Assustador para muitos, há quem credite à inveja um poder destrutivo e prejudicial.
Sem dúvida, trata-se de uma emoção perturbadora, tanto pelos pensamentos e desejos que orbitam a sua volta como pela crença popular de que pode afetar prejudicialmente o seu alvo. Tal como qualquer outro sentimento não pode ser qualificado como do bem ou do mal. Pode, sim, ser encarado como um sinalizador da forma como a pessoa está integrando aspectos internos e externos a sua vida e como isto repercute em termos de satisfação pessoal. Serve de indicador que o foco de atenção está mais voltado para os outros do que para si mesmo. Desse jeito é muito difícil encontrar satisfação pessoal ou admitir falhas para depois poder corrigi-las e crescer como pessoa.
O que é
Um sentimento de dor intensa causado pela certeza de que outra pessoa possui algo (ou alguém) que era imprescindível para sua felicidade. Existe também a convicção de que uma vez que o objeto de desejo esta em posse de outra pessoa, a única forma de ser feliz é tomar para si o que pertence ao outro.
É bastante natural que o sentimento de inveja surja em qualquer pessoa em momentos diferentes da vida. Muitas vezes é reprimido em conseqüência do indivíduo sentir-se envergonhado ou culpado em função da leitura que a sociedade faz de tal emoção. No entanto, pode ser apenas um momento ou um estado crônico, o que, quando ocorre, é muito mais prejudicial para quem sente do que para aquele que é o alvo que, na maioria das vezes desconhece tal fato.
A visão daquele que inveja
Quem está vivendo este crê que sua felicidade depende da conquista de algo que pertence a outra pessoa. Está vendo o mundo por uma ótica distorcida. Dá grande ênfase àquilo que não tem e pensa o mundo como um lugar injusto onde os outros possuem e ele não. É mais ou menos como perceber a vida como numa gangorra, onde para alguém estar em cima necessariamente o outro deve estar embaixo. Quem percebe o mundo dessa forma vive sob a crença de que o sucesso alheio é prejudicial.
A solução
O enfrentamento e a aceitação do que sente é dar início a solução. Tentar encarar o mundo de modo mais construtivo e apropriar-se da responsabilidade de conquistar o que é importante para sua felicidade sem ameaçar os outros é o segundo passo. A partir daí algumas estratégias são de grande ajuda:
- Voltar a própria atenção para si. Querer descobrir-se sem culpas ou julgamentos para poder encarar com naturalidade os sentimentos perturbadores a fim de fazer deles escada para o crescimento pessoal;
- mudar a tática: ao invés de desejar a destruição ou fracasso do outro investir essa energia mental na reflexão de si e na construção do próprio sucesso;
- encarar os fatos: Muitas vezes o que parece injustiça do mundo ou grande sorte é fruto de muito trabalho, persistência e projeto bem elaborado. Siga o exemplo elaborando agora um plano positivo para atingir seu objetivos;
- afastar-se um pouco do foco de inveja com a finalidade de ganhar mais segurança e controle das próprias emoções;
- investir na coragem e abertura emocional para admitir que na origem desse sentimento existe admiração;
Dessa forma cria-se oportunidade para perceber que as experiências e escolhas de vida são pessoais e que a felicidade dos outros não caracteriza nossa ruína. Assim, surge um desejo bastante saudável de desenvolver em si e da sua maneira as qualidades que admira no outro.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
A arte de ouvir críticas

Saber ouvir elogios já é difícil, pois nem todos se consideram merecedores, imagine então, o quanto se torna delicada a discussão quando se trata de ouvir uma crítica. Não sou hipócrita a ponto de dizer que ouvir uma crítica em público é algo gostoso. Claro que não. Mas nem só de bons sabores a vida é feita. Embora a maioria de nós preferisse ser apenas aplaudido é notável o valor de um comentário a respeito de um aspecto negativo que pode ser corrigido desde que:
Primeiro, quem faz o comentário tenha o cuidado de não atingir pessoalmente o alvo da crítica e sim os aspectos que podem ser melhorados.
Segundo, quem ouve o comentário deve tentar engolir o remedinho amargo sem tornar-se vítima, sem assumir um papel de infalível ou ofendido. Essa não é a hora de tomar uma posição defensiva ou explicativa, é momento para ouvir para mais tarde avaliar, absorver algum proveito da experiência.
Quem consegue lidar dessa forma com as opiniões alheias constrói uma espécie de peneira emocional que vai selecionando os comentários que produzem crescimento daqueles destrutivos ou que não geram absolutamente nada. Só não pode ouvir críticas quem é muito obtuso para compreender sua importância ou quem é perfeito. Não há evolução para quem se considera perfeito. Portanto, há sabedoria em calar diante da crítica e saber dar-se um tempo para absorvê-la.
Existem sociedades que se organizam em cima do elogio fácil, não sincero e da bajulação. É uma falha, um erro. Pois reconhecer o mérito alheio é importante desde que sincero, calar muitas vezes é mais importante ainda, pois nem tudo merece ser comentado, mas, ser verdadeiro quanto a alguma atitude que pode ser melhorada é um ato de coragem.
Se o comentário não foi maldoso tenha a coragem de avaliá-lo sem reservas. Não pense que quem o emitiu está contra você. Faça da crítica uma oportunidade de melhorar-se em todos os aspectos possíveis. Muitas vezes somente um amigo de verdade tem a ousadia de mostrar-se contrário ou em desacordo com alguma atitude sua. Aplaudir é muito mais fácil e cômodo, entretanto, não imagino que possa trazer a mesma oportunidade de crescimento.
Saber ouvir e encarar críticas é prova de maturidade, inteligência, civilidade, elegância e pode ser desenvolvida em prol do próprio desenvolvimento tal como uma arte.
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